Empresa demite colaboradora após episódio de injúria racial no Avaí x Remo; mulher ganhava 30 mil de salário por mês

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A vitória do Avaí sobre o Remo, no último sábado (15), acabou ganhando um desdobramento muito mais sério fora das quatro linhas e segue movimentando Florianópolis. Um vídeo que circulou intensamente nas redes sociais mostra uma torcedora proferindo ofensas com teor de injúria racial e xenofobia contra torcedores do Remo presentes na Ressacada. As imagens, que também exibem outro torcedor repetindo frases depreciativas, foram amplamente compartilhadas e geraram forte reação pública.

Segundo apuração do portal Agora Floripa, a mulher registrada nas imagens já integrou o quadro de conselheiros do Avaí, função que ocupou em setembro de 2022. Porém, seu nome não consta na lista de associados aptos a votar na eleição mais recente do clube. Com a repercussão, ela foi temporariamente suspensa das dependências da Ressacada enquanto um processo interno avalia sua situação. A possibilidade de exclusão definitiva dos quadros associativos será analisada após garantido o direito à defesa.

O Avaí informou que, por regras da Lei Geral de Proteção de Dados, não pode divulgar nomes, mas está colaborando com as autoridades que analisam o caso. A gravação já foi encaminhada aos órgãos competentes, e o portal Agora Floripa segue apurando os desdobramentos.
Repercussão chega ao ambiente corporativo

A torcedora envolvida no episódio era colaboradora do Grupo Orbenk, que rapidamente se pronunciou sobre o caso. A companhia afirmou que, assim que tomou conhecimento do vídeo, sua área de compliance iniciou uma apuração interna, seguindo os protocolos previstos no Código de Ética e Conduta.

Em pouco mais de 24 horas, o processo foi concluído e resultou no desligamento da funcionária. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o diretor comercial Ricardo Vazen destacou que a decisão seguiu os procedimentos internos e reafirmou os compromissos da empresa com respeito, diversidade e dignidade humana.

Além disso, a empresa divulgou três comunicados oficiais em sequência — antes e depois da demissão — reforçando sua política de tolerância zero a comportamentos discriminatórios, sejam eles dentro ou fora do ambiente de trabalho. Os textos ressaltaram que a companhia emprega mais de 35 mil colaboradores em Santa Catarina e em outros 10 estados, e que atitudes ofensivas não condizem com os valores desenvolvidos ao longo de quase quatro décadas de atuação.

A empresa emitiu nota oficial:

O Grupo Orbenk informa que concluiu o processo interno de apuração referente ao episódio ocorrido no último final de semana, durante o jogo entre Avaí e Remo, envolvendo manifestações de teor racista e xenofóbico atribuídas a uma colaboradora da empresa. Após análise rigorosa, conduzida conforme nosso Código de Ética e Conduta e a legislação vigente, a Orbenk adotou todas as medidas cabíveis, incluindo o desligamento da colaboradora.

Decisões dessa natureza exigem o cumprimento responsável e justo das etapas previstas em nossos processos de compliance, conduzidas com a devida celeridade, em alinhamento ao nosso compromisso com a sociedade.

A empresa reforça que comportamentos discriminatórios, dentro ou fora do ambiente de trabalho, são absolutamente incompatíveis com os valores que norteiam nossos 39 anos de história. Mantemos uma política inegociável de tolerância zero ao racismo, à xenofobia e a qualquer forma de violência ou discriminação, envolvendo nossos mais de 35 mil colaboradores.

Manifestamos nossa solidariedade aos que sofreram as ofensas e reiteramos nosso compromisso permanente com a valorização das pessoas, a diversidade, a ética, o respeito e a promoção de ambientes seguros e inclusivos.

Seguiremos firmes na defesa dos direitos humanos e na construção de uma sociedade mais justa e respeitosa.
Clubes se manifestam

As manifestações oficiais de Avaí e Remo também destacaram o caráter criminoso das falas registradas no vídeo. O Avaí afirmou que está atuando para identificar todos os envolvidos e que repudia qualquer comportamento discriminatório dentro de seus ambientes. O Remo reforçou a necessidade de punições compatíveis com a gravidade da injúria racial e da xenofobia.

Os dois clubes reafirmaram o compromisso com iniciativas de conscientização e combate à discriminação no esporte.

NOTA OFICIAL DO CLUBE AVAÍ:

O Avaí Futebol Clube reitera seu posicionamento de repúdio inequívoco e total à conduta racista e xenófoba manifestada por uma torcedora durante a partida entre Avaí x Remo.

O racismo é um crime grave que não pode ser tolerado dentro ou fora dos estádios.

Por isso, queremos esclarecer à nossa torcida e à sociedade as ações que estão sendo tomadas e que reforçam nossa postura:

Identificação e Acompanhamento:
Tão logo tivemos ciência do ocorrido, iniciamos o processo de identificação da pessoa responsável. Estamos em total colaboração com as autoridades competentes para que as investigações sejam concluídas e as sanções legais, aplicadas.

Medidas Internas:
Após a identificação, a torcedora terá seu acesso aos eventos do clube, como jogos e atividades, imediatamente suspenso por tempo indeterminado.

Compromisso Social:
O Avaí não se exime de sua responsabilidade social. Reafirmamos nosso compromisso de promover ações e campanhas educativas para combater o racismo e todas as formas de discriminação. É nosso dever usar o alcance do futebol para construir uma sociedade mais justa e igualitária.

O Avaí Futebol Clube é um espaço de paixão e união. Atos racistas de indivíduos não representam a grandeza e os valores da nossa torcida. Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista.

NOTA OFICIAL DO CLUBE REMO:

O Clube do Remo vem a público repudiar o episódio de xenofobia e injúria racial sofrido por torcedores azulinos na partida de sábado (15), diante do Avaí, no estádio da Ressacada, em Florianópolis, pelo Campeonato Brasileiro da Série B.

Esse ato repugnante é uma clara manifestação de racismo e intolerância, e não pode ficar impune. O Clube do Remo não tolera qualquer forma de discriminação ou preconceito e exige a punição dos envolvidos.

O racismo e a xenofobia são crimes e precisam de uma resposta à altura da gravidade dos fatos ocorridos. É preciso, ainda, reiterar o compromisso do Clube na luta contra qualquer tipo de discriminação, sendo tais condutas incompatíveis com os valores e história do clube que se orgulha de representar a região norte e, principalmente, o estado do Pará.

A intolerância e o preconceito precisam ser combatidos, seja no esporte ou em qualquer lugar na sociedade.
Investigação em andamento

O episódio permanece sob análise das autoridades, que receberam o material e conduzem as apurações necessárias. De acordo com informações levantadas pelo portal Agora Floripa, o caso já está tramitando junto aos órgãos competentes.


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