Anova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, 56, tomou posse na manhã desta segunda-feira (18) em cerimônia na sede da PGR (Procuradoria-Geral da República) com a presença do presidente Michel Temer.
O ex-procurador-geral, Rodrigo Janot, não participou da solenidade, como ele já havia antecipado.
Dodge enfatizou em seu discurso de posse, que teve um tom sóbrio, a necessidade de o Ministério Público combater a corrupção mas também defender direitos de minorias, como indígenas, zelar pela liberdade religiosa e cuidar do meio ambiente. Ela não citou a Lava Jato.
Ao lado do presidente Temer, da ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), e dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB-CE), Dodge disse que a "harmonia entre os Poderes" é fundamental para a estabilidade da nação.
"O Ministério Público zela pelos direitos de índios e minorias, pela liberdade de religião e de credo. A cada dois anos nos reunimos nesta casa e reafirmamos a esperança de dias melhores e o nosso compromisso de agirmos com unidade de propósito de cumprir o nosso dever constitucional", disse Dodge.
"A harmonia entre os Poderes é requisito para a estabilidade da nação [...] Os valores que defenderemos e definirão nossas ações estão na Constituição. Muito trabalho, honestidade, observância do devido processo legal são os atributos da cidadania", declarou.
"Cumprimento o procurador-geral Rodrigo Janot por seu serviço à nação. A nenhum [dos procuradores-gerais anteriores] faltou a certeza de que o Brasil seguirá em frente porque o povo mantém a esperança em um país melhor. Interessa-se pelo destino da nação, acompanha investigações e julgamentos. Cobra resultados. Os brasileiros aprenderam o caminho que conduz ao Ministério Público."
Escolhida por Temer após ficar em segundo lugar na lista tríplice encaminhada ao presidente pelos procuradores, Dodge é vista na Procuradoria como adversária de Janot.
Segundo assessores, a palavra de ordem no início da nova gestão será "discrição". Diferentemente de seu antecessor, ela tem dito a interlocutores que pretende evitar o protagonismo de sua cadeira na Operação Lava Jato.
No discurso em que deu posse à nova procuradora-geral, o presidente Temer defendeu a harmonia entre o Poder Executivo e o Ministério Público Federal e voltou a afirmar que quem "ultrapassa os limites da lei" pratica abuso de autoridade.
"Toda vez que alguém ultrapassa os limites da Constituição Federal, verifica-se um abuso de autoridade, porque a lei é a maior autoridade do sistema", disse.
O peemedebista, que foi denunciado na quinta (14) por Janot sob acusação de obstruir a Justiça e chefiar uma organização criminosa integrada por membros do PMDB, fez uma homenagem ao Ministério Público Federal e disse que são muitos os atributos da nova procuradora-geral.