Para o Foseg, a disputa territorial pelo controle do tráfico de drogas no Rio Grande do Norte é uma das principais causas dos altos índices de violência no estado (Foto: Ney Douglas)
Nos 167 municípios do Rio Grande do Norte, quatro cidades que compõem a região Metropolitana de Natal, mais a própria capital potiguar e Mossoró, na região Oeste do estado, o tráfico de drogas ainda não possui o domínio supremo de alguma facção criminosa. A informação é do Fórum de Segurança Pública do RN – entidade formada por associações e sindicatos que representam as forças de segurança pública do estado.
Mapa mostra as áreas de domínio e que estão em disputa pelas facções criminosas que atuam no RN (Foto: Foseg-RN)
Em outras palavras, significa dizer que em 90% do estado o comércio ilegal de entorpecentes é comandado pelo Sindicato do Crime do RN (SDC), facção criada em 2012 a partir de um grupo dissidente do Primeiro Comando da Capital (PCC), que tem os primeiros registros de atuação no território potiguar no ano de 2006. Já o PCC, ainda de acordo com o Foseg, atua com soberania apenas em três bairros da capital.
A predominância territorial do SDC, ainda de acordo com o Foseg, tem uma explicação: quantidade. "A facção local tem mais gente. São 4.200 componentes presentes em todos os municípios do estado. Já a facção rival, possui cerca de 900 membros aqui no estado. Porém, mesmo com um efetivo inferior, a facção paulista tem poder econômico maior, que a permite, por exemplo, manter as rotas de distribuição de drogas do RN para a Europa e estados vizinhos", explicou Nilton Arruda, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Rio Grande do Norte (SInpol-RN), um dos porta-vozes do Foseg.
O G1 procurou a Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), mas ainda aguarda um posicionamento a respeito dos dados divulgados pelo Foseg.
Rota de tráfico
"É inegável que a facção paulista tem um enorme poderio econômico. Mas, é importante ressaltar que ela não gasta dinheiro com essa guerra que ocorre em nosso estado. Como um 'empresa', ela investe no que pode trazer grandes lucros. Neste caso, é o tráfico de drogas que interresa", acrescentou o policial.
Ainda de acordo com Nilton, o RN não possui um grande mercado consumidor de drogas, mas é uma forte rota para alguns estados do Nordeste, e uma das principais rotas brasileiras para o mercado europeu.
Guerra e violência
No ano passado, 2.405 pessoas foram assassinadas no estado. Este ano, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, 1.340 já foram assassinadas entre 1º de janeiro e a manhã desta terça (21). (Foto: Ney Douglas)
Para o Foseg, a disputa territorial pelo controle do tráfico de drogas no Rio Grande do Norte é uma das principais causas dos altos índices de violência no estado, senão a mais grave delas. Hoje, o RN aparece como o estado com a maior taxa de homicídios do país. Segundo o Fórum Nacional de Segurança Pública, foram 2.386 mortes violentas no estado em 2017, o que representa 68 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes. A média nacional possui uma taxa de 63.8.
No ano passado, 2.405 pessoas foram assassinadas no estado. Este ano, a Secretaria de Segurança Pública confirma que 1.340 já foram assassinadas entre 1º de janeiro e a manhã desta terça (21).
"Não por acaso, é perfeitamente possível correlacionar o aumento da criminalidade no RN com o início da atuação do crime organizado, obviamente desatrelando outros fatores sociais macros como desemprego, má-distribuição de renda, dentre outros", complementou o cabo Dalchen Viana, presidente da Associação de Bombeiros Militares do RN, que também é representante do Foseg. Informações G1RN
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