27 dezembro 2018

Acusado de matar ex-governador em Vitória foi preso e confessou o crime




O corpo do ex-governador e ex-senador Gerson Camata, morto nesta quarta-feira (26) em frente a um restaurante na Praia do Canto em Vitória, será velado a partir das 8h desta quinta-feira (27) no Palácio Anchieta, sede do governo do Espírito Santo. O sepultamento está previsto para as 16h no Cemitério da Serra, na Região Metropolitana da capital capixaba.

Veja a repercussão da morte de Gerson Camata:

Camata, de 77 anos, foi assassinado com um tiro depois de uma discussão com um ex-assessor, causada por uma ação judicial movida pelo ex-governador contra ele, que resultou no bloqueio de R$ 60 mil da conta bancária do agressor. Marcos Venício Moreira Andrade, de 66 anos, confessou o crime e foi preso. A arma usada não tinha registro e foi apreendida. Ele vai responder por homicídio qualificado. 

A defesa de Marcos não quis comentar o caso e apenas informou que ele deve ser encaminhado para o presídio em Viana, na Região Metropolitana de Vitória, nesta quinta-feira. “O assessor foi tirar satisfação ao encontrar Gerson Camata na rua, na calçada, próximo a uma banca de revista e a uma padaria. Neste encontro, iniciou uma discussão verbal, onde o assessor sacou a arma e efetuou o disparo contra o ex-governador”, explicou o secretário estadual de Segurança Pública, Nylton Rodrigues.

Depois de ser baleado, Camata ficou caído na calçada. O Samu chegou a ser acionado, mas ele não resistiu. Depois da perícia da Polícia Civil, o corpo foi levado ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória e foi liberado no final da noite de quarta-feira (26).

Relação conflituosa:

Marcos Andrade trabalhou como assessor de Gerson Camata por quase 20 anos. Em 2009, contudo, a relação entre eles ficou comprometida quando Marcos denunciou um suposto crime de caixa 2 cometido por Camata ao jornal "O Globo". Em entrevista, Marcos afirmou que Camata recebia mesadas de empreiteiras, apresentava recibos falsos de contas eleitorais e obrigava funcionários a pagar, com salários do Senado, suas despesas pessoais. Na época, ele apresentou documentos e anotações para comprovar a denúncia.

Gerson Camata negou as acusações à época. Ele afirmava que Marcos sofria de problemas psicológicos e que suas acusações não deveriam ser levadas em consideração.
O ex-governador processou Marcos por danos morais por conta das denúncias. Uma ação foi movida na Justiça do Espírito Santo e na do Distrito Federal. Foi o juiz do Distrito Federal, Leandro Borges de Figueiredo, que decidiu pela condenação do ex-assessor em 9 de abril de 2012. 

Marcos foi condenado uma pagar indenização de R$ 50 mil, além de honorários e custas processuais.
O ex-assessor recorreu em instâncias superiores, ao longo dos anos, mas sem sucesso. O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, Nylton Rodrigues, disse que houve um bloqueio de R$ 60 mil na conta de Marcos para que ele pagasse a indenização em janeiro de 2018.

Sobre as investigações da denúncia de caixa 2, as denúncias publicadas em "O Globo" foram submetidas, ainda em 2009, à Procuradoria Geral da República e à Corregedoria do Senado (onde Camata exercia mandato na época). Nos dois casos, ficou entendido que as acusações não tinham lastro e foram arquivadas.
G1

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