Onda de violência em Culiacán deixou 8 mortos e vários carros incendiadosJuan Carlos Cruz / EFE - 18.10-2019
Fundado na década de 1980, o Cartel de Sinaloa é uma das organizações mais poderosas do narcotráfico no México, controlado em grande medida por Joaquín "El Chapo" Guzmán, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos, e seus filhos, em especial por Ovídio, libertado ontem após cenas de terror protagonizadas por integrantes do grupo na cidade de Culiacán, no noroeste do México.
Mas quais são as origens e a história do grupo?
O início
Miguel Ángel Félix Gallardo, atualmente preso, fundou o Cartel de Guadalajara com Ernesto Fonseca, conhecido como "Don Neto", e Rafael Caro Quintero no início dos anos 1980. Rapidamente, a organização se consolidou como a primeira a controlar o narcotráfico e o envio da droga aos Estados Unidos.
O cartel foi exposto publicamente após o assassinato em 1985 de Enrique Camarena, agente da DEA, agência americana de combate às drogas. O caso levou à perseguição dos líderes do grupo e à prisão de Félix Gallardo. Fonseca e Caro Quintero também foram detidos na época, mas já estão em liberdade.
A queda da organização provocou a fundação do Cartel de Sinaloa, que ganhou força graças ao comando de personagens como Ismael "El Güero" Palma, Joaquín "El Chapo" Guzmán e Ismael "El Mayo" Zambada, o único deles que jamais foi preso.
"El Chapo" ficou famoso após o assassinato do cardeal mexicano Juan José Posadas, no dia 24 de maio de 1993, na cidade de Guadalajara, quando um grupo rival confundiu o religioso com o poderoso narcotraficante. Eles usavam o mesmo cargo.
Quem manda no cartel?
Três dos filhos de "El Chapo" — Iván Archivaldo, Jesús Alfredo e Ovídio — controlam o cartel junto com "El Mayo" Zamada, líder histórico da organização, que atua em pelo menos 17 dos 32 estados do México, além de contar com ampla presença internacional.
Os filhos de "El Chapo" chegaram ao topo do cartel após a captura de Dámaso López, mais conhecido como "Licenciado", em maio de 2017, na Cidade do México, acusado de traição por Ovídio e seus irmãos.
Dámaso era considerado como herdeiro de "El Chapo", preso em fevereiro de 2014. O narcotraficante, porém, conseguiu escapar da prisão de segurança máxima de El Altiplano por um túnel, uma fuga digna de filme.
"El Chapo" retomou o controle do cartel com seus filhos e "El Mayo". Desde então, Ovídio e seus dois irmãos se projetaram como sucessores naturais para substituí-lo no comando da organização criminosa, mas tudo indica que há fortes divergências internas e brigas entre facções depois de sua extradição para os Estados Unidos.
Qual a história dos filhos de "El Chapo"?
Iván Archivaldo, de 36 anos, filho de Alexandrina Salazar, é o primogênito de "El Chapo" e uma das figuras mais importantes do Cartel de Sinaloa desde a extradição do pai.
Archivaldo foi preso em 2005 pelo crime de lavagem de dinheiro. Três anos depois, o mais velho dos filhos de "El Chapo" foi solto após um juiz determinar o arquivamento do caso.
Já Ovídio, de 28 anos, é filho de Griselda López, a segunda esposa de Joaquín Guzmán, e mantém um perfil mais discreto que Archivaldo. Sua importância para o grupo, porém, ficou provada em fevereiro, quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos o acusou de narcotráfico e pediu a extradição ao governo do México.
Além disso, Ovídio foi colocado na "Kingpin Act", uma lista de narcotraficantes internacionais que não pode ter qualquer transação comercial com cidadãos americanos. Para incluí-lo na relação, o governo dos EUA afirmou que ele teria "um papel significativo nas atividades de seu pai".
Jesús Alfredo, também de 36 anos, é considerado o mais violento dos irmãos e foi incluído na lista dos dez mais procurados pelo FBI em mais de uma ocasião. O governo dos EUA afirma que ele é quem comanda o envio de drogas para o país.
A tragédia de quinta-feira
O governo do México afirma que Ovídio Guzmán nunca foi realmente preso — só retido em sua casa — e classificou como "precipitada" a operação para capturá-lo. A ação fez o Cartel de Sinaloa a dar início a uma onda de violência na cidade de Culiacán, no nordeste do país. Oito pessoas morreram e 49 presos fugiram da penitenciária local.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse hoje que aceitou a libertação de Ovídio para não colocar em risco a vida das pessoas, provocando uma série de críticas da oposição e de aliados do governo.
"Não pode valer mais a prisão de um criminoso do que as vidas das pessoas. Eles (o gabinete de segurança) tomaram esta decisão (de libertá-lo), e eu a apoiei", disse o governante em sua habitual entrevista coletiva matutina, desta vez concedida na cidade de Oaxaca, no sul do país.
R7.com
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