17 agosto 2012

GIRO PELO MUNDO: Polícia da África do Sul alega autodefesa em maior massacre desde o Apartheid


A polícia sul-africana alegou nesta sexta-feira ter agido em legítima defesa em uma operação repressiva - a mais sangrenta desde o fim do Apartheid, em 1994 - que deixou, segundo seu próprio registro, 34 mineiros grevistas mortos e cerca de 80 feridos. 

"O grupo de militantes atacou a polícia, disparando e brandindo armas perigosas", sustentou a chefe policial, Riah Phiyega, ao se referir aos confrontos ocorridos na quinta-feira em Marikana (noroeste) com os grevistas na mina de platina Lonmin. "A polícia se retirou sistematicamente e se viu forçada a recorrer à força máxima para se defender. 

O registro é de 34 mortos e mais de 78 feridos", assim como de 259 detidos, acrescentou. Este é o primeiro balanço oficial dos confrontos. Uma fonte do sindicato havia informado anteriormente a morte de 36 mineiros. O movimento, considerado ilegal, começou com uma reivindicação de um grupo de mineiros que exigia que seu salário, atualmente de 4.000 rands mensais (486 dólares), fosse triplicado. 

O massacre provocou comoção mundial, já que muitas redes de televisão cobriam as negociações com os grevistas quando a operação teve início. As imagens mostram os agentes abrindo fogo contra manifestantes, que caem em meio a uma nuvem de poeira. Phiyega mostrou outros vídeos, nos quais é possível ver policiais se esforçando para dispersar os mineiros, negociando com eles e recorrendo a armas convencionais de dispersão de manifestações, como canhões de água e balas de borracha. 


De qualquer forma, esta foi a intervenção policial mais sangrenta desde 1985, quando a polícia matou 20 manifestantes negros que protestavam contra o regime segregacionista do Apartheid. Desta vez, foram policiais negros que abriram fogo contra mineiros também negros, cujas condições materiais de vida sofreram escassas melhorias desde a instauração de uma democracia multirracial, há 18 anos.


Fotos: AP Photo

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